Opinião publicada no Jornal Correio do Estado no dia 4 de abril de 2012.
Por Rogério Fernandes Lemes*
Matéria publicada no blog também: http://criticartes.blogspot.com.br/2012/04/projeto-tosco.html
Por Rogério Fernandes Lemes*
Foto cedida pela Escola de Jardim - MS |
Todo professor conhece, melhor do que ninguém, a realidade de seus alunos e do ensino público no Brasil. Não precisa de pesquisas para perceber o crescente aumento da violência entre jovens e adolescentes que vivem, diariamente, os dilemas de famílias inteiras destruídas pelas drogas e por comportamentos violentos que refletem, diretamente, no desempenho e no desenvolvimento dos discentes.
Como temos sustentado em vários artigos anteriores não existe uma fórmula mágica ou um receituário a ser seguido, diligentemente, na resolução de tais dilemas. No entanto, o caminho a ser trilhado no enfrentamento ao fenômeno da violência escolar dar-se-á com o envolvimento de todos, ou seja, corpo docente, discente, familiar, autoridades e profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.
Um belo exemplo é o esforço brilhante do psicólogo Gilberto Mattje com o desenvolvimento do Projeto Tosco, resultado de suas pesquisas e que se materializou na forma de livro, com uma linguagem própria dos adolescentes; informal e compreensível capaz de prender a atenção do início ao fim. Aplicado na Rede Municipal de Educação de Campo Grande no ano de 2009, o projeto teve uma aceitação e resultados alcançados muito além das expectativas.
Tosco é o personagem principal do livro, assim como atitude, comportamento e conduta, pelo viés negativo e destrutivo, que afastam as pessoas do convívio social saudável, dificultando as relações interpessoais e em constante conflito intrapessoal. A experiência na Capital foi tão exitosa que o projeto foi estendido para toda rede estadual de ensino em 2012. Cada aluno do 6º ao 9º ano receberá, gratuitamente, um exemplar do Tosco.
Mas onde está o segredo do sucesso, quase que instantâneo, do Projeto Tosco? Segundo seu criador está na forma interativa com o público destinado, ou seja, na percepção da grande dificuldade de comunicação “com” os adolescentes. Sustenta que os adultos falam “para” e “dos” adolescentes, mas interagir “com” eles compreendendo seus medos, suas inseguranças, próprias de uma idade que ainda não atingiu a “estabilidade” é o grande desafio a ser superado.
A Escola é um espaço social de conflitos onde acontece o “jogo” e o “drama”, de Clifford Geertz. É na escola que os pensamentos dissidentes conflitam; valores sociais e histórias de vida são postos em um mesmo local de convivência. O livro Tosco é uma forma inteligente de interação “com” os adolescentes, em uma reciprocidade dialética construtiva que abre espaço para a “autopercepção”, exercício subjetivo que produz mudanças.
A partir da identificação do leitor com o personagem surge, naturalmente, questionamento sobre os próprios valores, apresentados por figuras positivas como professores e amigos, onde o leitor desconstrói práticas comportamentais destrutivas de interação. O Projeto Tosco tem se mostrado como um eficiente mecanismo de interação dialética “com” os adolescentes.
*Sociólogo – Reg. MTE nº. 163/MS. E-mail: rogeriociso@gmail.com
Como temos sustentado em vários artigos anteriores não existe uma fórmula mágica ou um receituário a ser seguido, diligentemente, na resolução de tais dilemas. No entanto, o caminho a ser trilhado no enfrentamento ao fenômeno da violência escolar dar-se-á com o envolvimento de todos, ou seja, corpo docente, discente, familiar, autoridades e profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.
Um belo exemplo é o esforço brilhante do psicólogo Gilberto Mattje com o desenvolvimento do Projeto Tosco, resultado de suas pesquisas e que se materializou na forma de livro, com uma linguagem própria dos adolescentes; informal e compreensível capaz de prender a atenção do início ao fim. Aplicado na Rede Municipal de Educação de Campo Grande no ano de 2009, o projeto teve uma aceitação e resultados alcançados muito além das expectativas.
Tosco é o personagem principal do livro, assim como atitude, comportamento e conduta, pelo viés negativo e destrutivo, que afastam as pessoas do convívio social saudável, dificultando as relações interpessoais e em constante conflito intrapessoal. A experiência na Capital foi tão exitosa que o projeto foi estendido para toda rede estadual de ensino em 2012. Cada aluno do 6º ao 9º ano receberá, gratuitamente, um exemplar do Tosco.
Mas onde está o segredo do sucesso, quase que instantâneo, do Projeto Tosco? Segundo seu criador está na forma interativa com o público destinado, ou seja, na percepção da grande dificuldade de comunicação “com” os adolescentes. Sustenta que os adultos falam “para” e “dos” adolescentes, mas interagir “com” eles compreendendo seus medos, suas inseguranças, próprias de uma idade que ainda não atingiu a “estabilidade” é o grande desafio a ser superado.
A Escola é um espaço social de conflitos onde acontece o “jogo” e o “drama”, de Clifford Geertz. É na escola que os pensamentos dissidentes conflitam; valores sociais e histórias de vida são postos em um mesmo local de convivência. O livro Tosco é uma forma inteligente de interação “com” os adolescentes, em uma reciprocidade dialética construtiva que abre espaço para a “autopercepção”, exercício subjetivo que produz mudanças.
A partir da identificação do leitor com o personagem surge, naturalmente, questionamento sobre os próprios valores, apresentados por figuras positivas como professores e amigos, onde o leitor desconstrói práticas comportamentais destrutivas de interação. O Projeto Tosco tem se mostrado como um eficiente mecanismo de interação dialética “com” os adolescentes.
*Sociólogo – Reg. MTE nº. 163/MS. E-mail: rogeriociso@gmail.com
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