“Me inspirei em muitos Toscos, eles existem aos milhares”
Natural de Horizontina, Rio Grande do Sul, Gilberto Dari Mattje escolheu a capital sul-mato-grossense para residir e trabalhar. Filósofo, psicólogo especialista em Psicanálise, e como se não bastasse, mestre em Psicologia Social e da Saúde, além de professor universitário, Gilberto ainda é autor do livro que já é sucesso entre os alunos nas escolas públicas de Campo Grande: o “Tosco”.
Lançado em 2009 na Capital, adotado pela Rede Municipal de Ensino de Campo Grande no ano seguinte e também em 2011, “Tosco” virou febre entre os adolescentes, em sua maioria, do 8º e 9º ano. Além disso, segundo pesquisa feita com os professores que utilizaram o livro em sala de aula, eles perceberam uma diminuição da agressividade em 35% de seus alunos e melhoria geral em 92%.
Para entender melhor como surgiu a ideia do “Tosco” fizemos uma breve entrevista com o autor da obra. Além de relatar como sua profissão contribuiu para a escrita da obra, ele revela onde nasceu o personagem. Confira!
Além da obra “Tosco”, você tem outras publicações?
Tenho apenas publicações acadêmicas, as ditas científicas. Para este público é a primeira vez que escrevo.
Como surgiu a ideia de escrever o livro?
O livro nasceu da percepção da dificuldade em lidar com o tema da violência em suas diferentes formas com os jovens adolescentes. A maioria dos materiais paradidáticos que se propõe a abordar o tema, apenas fornecem informações, outros dão broncas ou conselhos. A ideia do livro “Tosco” é interagir com o adolescente de forma que este se identifique com a estória, se veja em algum dos personagens e consiga rever suas atitudes, especialmente aquelas que significam um boicote a própria felicidade.
Onde se inspirou para criar o “Tosco”?
Esta é uma pergunta recorrente. Me inspirei em muitos Toscos, eles existem aos milhares.
E como surgiu toda a estória?
Gosto de dizer que como psicólogo sou um "escutador" de histórias. Então, de posse de muitos relatos, os trabalhei e integrei a um único personagem.
Qual era sua expectativa? Imagina que as crianças e os adolescentes iriam se envolver tanto com o livro e que os resultados obtidos nas escolas fossem de fato satisfatórios?
Claro que sempre se tem uma certa expectativa quando se faz um trabalho, ainda mais quando é tão minucioso e que sabidamente vai passar pelo crivo de pessoas que tem uma expertise em educação. Mas os depoimentos e as pesquisas têm mostrado que ele superou e muito a proposta inicial.
E qual era a proposta inicial?
Fazermos um livro paradidático que pudesse servir de instrumento didático-pedagógico no enfrentamento das diversas formas de violência manifestas na escola. O objetivo é atingido paulatinamente dentro de um processo. Penso que cada aluno que lê o livro e consegue se ver, mesmo que minimamente, este objetivo já foi alcançado, já houve uma redução de danos. E temos depoimentos maravilhosos, então já valeu à pena.Para finalizar, conte sobre seu trabalho como psicólogo e sobre a influência que ele teve no processo de elaboração do livro.