sexta-feira, 22 de julho de 2011

Curioso em saber como surgiu o personagem TOSCO? Leia a entrevista com o autor e deixe seu comentário

“Me inspirei em muitos Toscos, eles existem aos milhares”




Natural de Horizontina, Rio Grande do Sul, Gilberto Dari Mattje escolheu a capital sul-mato-grossense para residir e trabalhar. Filósofo, psicólogo especialista em Psicanálise, e como se não bastasse, mestre em Psicologia Social e da Saúde, além de professor universitário, Gilberto ainda é autor do livro que já é sucesso entre os alunos nas escolas públicas de Campo Grande: o “Tosco”.

Lançado em 2009 na Capital, adotado pela Rede Municipal de Ensino de Campo Grande no ano seguinte e também em 2011, “Tosco” virou febre entre os adolescentes, em sua maioria, do 8º e 9º ano. Além disso, segundo pesquisa feita com os professores que utilizaram o livro em sala de aula, eles perceberam uma diminuição da agressividade em 35% de seus alunos e melhoria geral em 92%.

Para entender melhor como surgiu a ideia do “Tosco” fizemos uma breve entrevista com o autor da obra. Além de relatar como sua profissão contribuiu para a escrita da obra, ele revela onde nasceu o personagem. Confira!



Além da obra “Tosco”, você tem outras publicações?
Tenho apenas publicações acadêmicas, as ditas científicas. Para este público é a primeira vez que escrevo.

Como surgiu a ideia de escrever o livro?
O livro nasceu da percepção da dificuldade em lidar com o tema da violência  em suas diferentes formas com os jovens adolescentes. A maioria dos materiais paradidáticos que se propõe a abordar o tema, apenas fornecem informações, outros dão broncas ou conselhos. A ideia do livro “Tosco” é interagir com o adolescente de forma que este se identifique com a estória, se veja em algum dos personagens e consiga rever suas atitudes, especialmente aquelas que significam um boicote a própria felicidade.

Onde se inspirou para criar o “Tosco”?
Esta é uma pergunta recorrente. Me inspirei em muitos Toscos, eles existem aos milhares.

E como surgiu toda a estória?
Gosto de dizer que como psicólogo sou um "escutador" de histórias. Então, de posse de muitos relatos, os trabalhei e integrei a um único personagem.

Qual era sua expectativa? Imagina que as crianças e os adolescentes iriam se envolver tanto com o livro e que os resultados obtidos nas escolas fossem de fato satisfatórios?
Claro que sempre se tem uma certa expectativa quando se faz um trabalho, ainda mais quando é tão minucioso e que sabidamente vai passar pelo crivo de pessoas que tem uma expertise em educação. Mas os depoimentos e as pesquisas têm mostrado que ele superou e muito a proposta inicial.


E qual era a proposta inicial?
Fazermos um livro paradidático que pudesse servir de instrumento didático-pedagógico no enfrentamento das diversas formas de violência manifestas na escola. O objetivo é atingido paulatinamente dentro de um processo. Penso que cada aluno que lê o livro e consegue se ver, mesmo que minimamente, este objetivo já foi alcançado, já houve uma redução de danos. E temos depoimentos maravilhosos, então já valeu à pena.


Para finalizar, conte sobre seu trabalho como psicólogo e sobre a influência que ele teve no processo de elaboração do livro.
Atendo como psicólogo clínico, e é onde consigo estar em contato mais profundo com os conflitos humanos e compreender as psicodinâmicas causadoras de sofrimento e as soluções subjetivas encontradas por cada um. Sou um apaixonado pelo que faço. Aliás, só consigo trabalhar com envolvimento. Gosto de uma fala de Bion, que diz que só acontece transformação quando há uma vivência emocional compartilhada. Acredito nisso, e tanto como professor como psicólogo faço o que faço com paixão.

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