sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Alunos da EJA veem no "Tosco" uma ferramenta de identificação para lidar com os filhos

O livro "Tosco", de Gilberto Mattje, aplicado como material didático em algumas escolas do Estado e também nas UNEI's (Unidades Educacionais de Internação) será adotado em todas as escolas da rede estadual de educação em 2012. Agora, o livro é trabalhado também com alunos da EJA (Educação para Jovens e Adultos), da Escola Estadual Pólo Evanilda Cavassa.

O material aborda a questão da violência, uso de drogas e bullyng com uma linguagem que muito se aproxima dos adolescentes, tornando-se uma ferramenta educacional para os professores que abordam o tema de maneira interessante para os jovens. Já no caso dos alunos da EJA, a identificação passa a ser com os personagens adultos que aparecem ao longo história, como os professores e a mãe do Tosco. Como exemplo, as alunas da 1ª fase Maria Luzia e Roseli Braga, ambas ficaram 25 anos sem estudar e agora, com filhos adolescentes, têm obrigações com a família que vão além de garantirem diplomas.


Maria afirma que a história é uma grande lição para a vida. "Tenho uma filha de 14 anos e duas gêmeas de 11. Hoje em dia é muito difícil conversar com os filhos porque os interesses deles são muito diferentes e a linguagem muda a toda hora, são muitas gírias. Desde que comecei a ler o livro com minha filha, consigo orientá-la a partir dos exemplos da trama. Conversamos bastante sobre o que acontece com o personagem", afirma. Roseli compartilha da ideia, e acrescenta: "Tenho um filho de 19 anos e não quero que ele sofra as mesmas coisas. É o medo de toda a mãe. Essas situações de violência estão expostas na mídia todo dia, temos que combater isso com aproximação, diálogo".

O jovem Rodrigo Rodrigues, também de 19, ficou apenas dois anos sem estudar, mas nunca foi um grande interessado pelos livros. Dentro de sala, sua própria conduta acaba sendo um exemplo para os outros alunos, que muitas vezes tem filhos de sua idade. "Eu reprovei um ano e fiquei mais um parado, mas nunca fui de estudar muito. O "Tosco" é o primeiro livro que eu leio inteiro. E foi bom, agora já estou lendo meu segundo, foi uma porta que eu abri", revela.

Para o final do ano letivo, os alunos estão trabalhando na 2ª edição do livro "Conta que eu Conto", um livro de histórias produzido pelos estudantes de todas as unidades da Escola Estadual Pólo Evanilda Cavassa. Além de Campo Grande, a coletânea terá ainda trabalhos de alunos de Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã. Diferente do ano passado, cuja temática foi livre, esse ano o livro será baseado no "Tosco", afirma a diretora da Escola Pólo, Eliete Barros. "Como a receptividade nas escolas foi bastante positiva, iremos abordar todos esses assuntos tratados na obra do Gilberto", afirma Eliete.

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